segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Estudo: área do tamanho da Bélgica pode ser restaurada na bacia do Rio Doce




Estudo: área do tamanho da Bélgica pode ser restaurada na bacia do Rio Doce

O instituto de pesquisa WRI Brasil e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais lançaram nesta semana um estudo mostrando que uma área do tamanho da Bélgica poderia ser restaurada na bacia do Rio Doce, capturando milhões de toneladas de CO².

Segundo o levantamento, intitulado "Oportunidades de restauração de paisagens e florestas na porção mineira da bacia do Rio Doce", três milhões de hectares poderiam ser reflorestados na região, sequestrando de 9,9 a 10,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono e gerando uma receita adicional de produção da ordem de R$ 848 milhões a R$ 1,5 bilhão, o que representa quase 1,2 vezes o Valor Adicionado do PIB Agropecuário da Mesorregião Mineira do Vale do Rio Doce. 

Publicado pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF), com a parceria do WRI Brasil, o estudo inédito na porção mineira da bacia do rio Doce mostrou grandes benefícios da restauração para essa região. Confira no blog: https://t.co/fKv6hgjUVy. #restauraçãoflorestal

A Bacia do Rio Doce, de acordo com os pesquisadores, tem um longo histórico de exploração ambiental e o vale do Rio Doce já vinha apresentando sinais severos de degradação ambiental causados pela forma de uso e ocupação do solo, acarretando processos erosivos intensivos, diminuição da capacidade de suporte animal, diminuição na capacidade de infiltração de água e o aumento da carga de sedimentos dos cursos d’água.

A situação piorou muito após o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração no município de Mariana, em novembro de 2015, quando cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeito tomaram o leito do rio e suas margens. 

Rio Doce coberto de lama que vazou da barragem  do Fundão, em Mariana
Rio Doce coberto de lama que vazou da barragem do Fundão, em Mariana

  "A restauração florestal apresenta-se como uma alternativa viável de desenvolvimento econômico sustentável. Permite a adoção de medidas que promovem a conservação do meio ambiente e o fortalecimento da economia verde, harmonizando os atributos ambientais da área com seus aspectos sociais e econômicos. Fica claro que é possível respeitar o melhor da tradição agropecuária da região, fortalecendo os produtores e recuperando o meio ambiente, garantindo, em consequência, geração de emprego e renda, além de contribuir com a segurança alimentar e nutricional", explica o diretor-geral do IEF, Antônio Malard, em nota enviada à Sputnik Brasil. 

Segundo Luciana Alves, especialista em restauração florestal do WRI Brasil, a porção mineira do Rio Doce apresenta inúmeras oportunidades para liderar a restauração de paisagens e florestas no Brasil, que assumiu a meta voluntária de recuperar 12 milhões de áreas degradadas.

 "Além disso, em 2021, inicia-se a Década de Restauração de Ecossistemas da ONU, um reconhecimento da importância da agenda no combate à crise climática global e seus efeitos deletérios sobre produção e sistemas econômicos", afirma Alves, também por meio de nota.

Ainda de acordo com o estudo, há no mundo cerca de dois bilhões de hectares de áreas e florestas degradadas que podem se beneficiar de investimentos públicos e privados para recuperar sua funcionalidade e produtividade. Coincidentemente, essa é também a área necessária para atender à demanda global por alimentos e fibras até 2050. Logo, a restauração de paisagens e florestas é uma das estratégias mais efetivas para atender necessidades fundamentais para o bem-estar da sociedade, tanto local como globalmente.


Noticia: sputniknews

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