EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
DE ADULTOS
O
Brasil tem um enorme déficit de adultos educados para o trabalho. Quando na
universidade, estudamos o setor da construção civil. Naquele tempo,
praticamente cem por cento dos pedreiros, carpinteiros e armadores eram
formados por seus pais. Iam para as obras com eles e lá aprendiam. Depois eram
contratados pelas empresas em que seus pais, tios e avos trabalharam. Era como
uma herança, ter a profissão do pai. Isto no sudeste e muitos foram formados assim
e ainda hoje lembram.
A
educação para a indústria era baseada em cursos por correspondência, integralmente
pagos pelos trabalhadores, uma elite conseguindo vagas nos SENAIs da vida e
outros entrando como aprendizes nas próprias
industrias. A ditadura militar tentou com o Mobral Profissionalizante, produzindo
um material de excelente qualidade e um programa radiofônico interessante para
a época.
Acredito
que dai surgiu o Supletivo Profissionalizante da rede Globo. De excelente
qualidade e grandioso, com atores excelentes e conteúdo atualizado e moderno. Apesar
de ser num horário difícil, eu como educador, sempre que posso tiro ali minhas
duvidas.
Mas
uma politica nacional, clara e precisa de educação profissional para adultos o
estado brasileiro ainda esta nos devendo. Apesar da redução do numero absoluto de
analfabetos, ainda temos um contingente preocupante. E o Brasil é imenso, cheio
de características próprias em cada região. Somos um povo atípico e fantasioso.
Sempre encontramos um jeito de fazer as coisas.
Ainda
na faculdade tive a sorte de participar por anos do CIPMOI. Uma experiência fantástica
de educação profissional de adultos, que existe até hoje na Faculdade de Engenharia,
agora no Campus Pampulha. Foi uma tremenda oportunidade de me aproximar e
aprender muito sobre o contexto da educação profissional de adultos. Vivi uma experiência
inesquecível em Recife, quando fomos visitar uma escola profissionalizante independente,
na Avenida Conde de Boa Vista (jamais
esquecerei). Ali, assistindo uma aula de manutenção de eletrônicos descobri que
não sabia de nada sobre educação. Foi fantástico. Ver a iniciativa de quem quer
aprender tardiamente, a luta para recompor o objeto e restaurar suas funções
foi emocionante, pela entrega daqueles aprendizes que nem lembram mais de minha
pessoa, passados tantos anos.
Mas
ficou a lição e a busca por compreender porque nosso pais descarta tanta gente que poderia estar
produzindo mais e melhor, se houvesse um estimulo, qualquer que fosse.
O
SENAI e os demais S são definitivamente para a elite. A maioria que forma não trabalha.
Não entendo porque se tem Faculdade Senai, não entendo porque o milionário SENAI,
SESI, cobram por seu cursos. Não da para
entender, depois de receberem tanto dinheiro das empresas, construir belos prédios
e pagar os salários que pagam. Porque cobrar da população que já pagou? Porque selecionar
seus alunos, se não precisam, se podem atender a todos, basta adaptar a
metodologia, todos aprendem.
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