Formando lideranças brasileiras…
do outro lado do mundo
Durante
seu intercâmbio em Sidney, a carioca Bianca Barroso reuniu 30 brasileiros para
programa de formação de lideranças - e deixou lições para a universidade.
Por
Nathalia Bustamante
“Eu ia me formar com 21 anos!
Resolvi apertar o freio e ir morar fora. Não adianta me formar só por me
formar”. É assim que Bianca Barroso começa a contar sobre o período que passou
na Austrália, estudando na Universidade de Sidney
Bianca fazia Engenharia de
Produção no Senai Cetiqt, no Rio de Janeiro, quando recebeu uma bolsa do
programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal. “Optei pela Austrália
porque o clima seria mais parecido com o do Rio”, relembra ela.
Assim, em junho saiu do estágio
que fazia e programou sua viagem para novembro. No meio tempo, não ficou
parada: procurou outras atividades no Brasil que preenchessem seu tempo e
complementassem sua formação.
Foi assim que ela conheceu o LabX, programa
de formação de lideranças da Fundação Estudar. Como não havia edição prevista
para o Rio de Janeiro antes da data da sua viagem, ela foi até Vitória para
participar. Apaixonada pela experiência, resolveu participar também do Laboratório, versão
mais aprofundada do programa. Conseguiu se inscrever para a edição de São
Paulo, que aconteceu um fim de semana antes do seu embarque para a Austrália.
“Fiquei muito envolvida com o programa e com o projeto que desenvolvi a partir
dele, e queria continuar conectada com esta rede. Mas como poderia fazer isto
do outro lado do mundo?”.
O que ela poderia oferecer era,
justamente, estar do outro lado do mundo. Assim, Bianca se candidatou para ser
uma multiplicadora do LabX em Sidney. A Fundação Estudar aprovou e a
colocou em contato com um mentor na Coréia, que poderia lhe ajudar com o
processo.
O LabX é sempre conduzido por, no
mínimo, duas pessoas que, como pré-requisito, precisam ter participado do
Laboratório. “Onde eu encontraria alguém na Austrália que já tivesse feito? Era
muito improvável, então eu teria que conduzir sozinha”, relembra. “Foi uma
loucura”, completa.
Foi só quando ela começou
efetivamente a divulgar o Laboratório que outro estudante brasileiro, que
também estava morando na Austrália, entrou em contato: “Ele já tinha
participado do programa em São Paulo e topou na hora. Nós nos demos super bem”.
Superado este desafio, Bianca se
deu conta de que, na Austrália, teria que começar do zero o contato com todos
os fornecedores. “Se eu fosse fazer no Rio, saberia exatamente onde ir para
conseguir local, coffee, palestrantes… Em Sidney, não sabia nada disso”,
ri, ao se lembrar. Pediu ajuda à equipe da LAE – agência
de educação internacional que promove a educação australiana no Brasil. “Eles
compraram a ideia e não só nos ajudaram com isso como viabilizaram tudo:
fizeram divulgação para a rede de brasileiros na Austrália, conseguiram uma
pessoa na Universidade de Sidney para nos ajudar e encontraram palestrantes”.
Bianca multiplicando o LabX em Sidney, em junho de
2015
Foi assim que, em junho de 2015,
Bianca conseguiu reunir 30 brasileiros em Sidney para um programa de dois dias
de duração. Mais que isso: um dos seus professores, que fazia parte da Academia
de Liderança da Universidade de Sidney, foi assistir à apresentação do
convidado especial e adorou a estrutura do programa: “Muitas das coisas ele
adotou para aplicar na Academia. Nós fizemos um material adaptado para eles, e
este ano iam começar a conduzir um programa similar para os estudantes
australianos”.
“Tivemos gente vindo de diversos
estados da Austrália – inclusive de Melbourne, que fica a quase 900 quilômetros
de Sidney. Mais que isso: tivemos pessoas de todos as partes do Brasil, todo
tipo de sotaque”, relembra Bianca.
“A gente vai fazendo coisas e não
entende muito bem, mas depois elas se conectam. Hoje, os contatos que fiz
naquele Lab me abriram muitas portas – a palestrante que participou hoje
é minha mentora e fiz amigos que levarei para sempre”, relembra.
Além do legado que deixou para a
Universidade de Sidney e para estes brasileiros que, pelos mais diversos
motivos, estavam morando na Austrália, Bianca também pôde, com a experiência,
se desafiar a superar um ponto fraco: ela não gosta de falar em público. “Foi
perfeito poder desenvolver esta habilidade com um tema e uma organização de que
gosto”, afirma.
Depois de voltar ao Brasil,
Bianca se tornou mentora de outros multiplicadores do LabX – em 2015, foram
realizadas mais duas edições, outra em Sidney e uma em Melbourne, e mais duas
estão previstas para junho de 2016. O legado de uma ousadia que, ainda hoje,
reúne talentos brasileiros para integrar-se e inspirar-se do outro lado do
mundo.
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