As vantagens e aprendizados de
cursar engenharia no Brasil e na França
Dono de um duplo diploma da USP e
da École Centrale de Nantes, o engenheiro Adrian Moll conta como foi estudar e
trabalhar em outros países
Por Ana
Pinho
Quando estava prestes a escolher
um curso de graduação, Adrian Moll ficou em dúvida. A aptidão para línguas
cairia bem para um aluno de Relações Internacionais, mas não combinava tanto
com a paixão pelas exatas – ou falta de entusiasmo pelas humanas. “Desde
menino, sempre gostei muito de carros, abrir computador, trocar interruptor,
tenho esse espírito curioso” resume. Acabou elegendo a Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, em que ingressou em 2007.
Os idiomas viriam a calhar no ano
seguinte, realizando o sonho de Adrian de morar fora. Quando já era aluno de
Engenharia de Produção, escolheu o programa de duplo diploma oferecido pela tradicional
École
Centrale de Nantes, na França.
Fundada em 1919, a École Centrale oferece uma visão mais generalista da
engenharia, um contraponto às especializações puras da USP. “No começo até
achava os franceses muito prolixos, mas hoje em dia acho importante ter essa
capacidade de pensamento abstrato e de dedução de fórmulas.”
Após garantir um financiamento
duplo – com as bolsas Eiffel, do governo francês, e da Fundação Estudar –, fez
as malas e passou dois anos estudando na França, com seis meses extras
estagiando no Grupo Renault, em Paris, e outros seis na Henkel, na Alemanha dos
avós.
“Foi uma imersão cultural intensa
e fiz grandes amigos, como um russo e uma húngara, que tinham perspectivas de
mundo totalmente diferentes”, conta. As experiências de trabalho lhe trouxeram
também visões diferentes do mercado de trabalho corporativo. A França, mais
conectada aos pontos fortes nacionais, despachava ordens para suas filiais,
enquanto a Alemanha, mais aberta às contribuições de diferentes países, criava
espaço para relações entre projetos.
“Quando pensei em voltar, era a
Alemanha que eu tinha em mente, porque lá senti que eu agregava mais”, diz
Adrian, que se envolveu com um projeto de uma fábrica francesa e outro nos EUA,
comandando por um colega brasileiro. O retorno ao país, aliás, foi difícil:
“Fiquei muito deslumbrado com como dava para ter uma vida com mais qualidade e
menos custos na Europa, e quando cheguei aqui foi um choque”. Ele foi perdendo
o espírito aos poucos, aplicando o que aprendeu fora, como se esforçar para ter
uma vida com base no transporte público.
A coragem de experimentar
adquirida no intercâmbio o levou a continuar testando caminhos profissionais no
Brasil. Ele passou pela Ambev e pela empresa de consultoria estratégica BCG
antes de se encontrar como gerente de purchasing na pequena startup Mens Market,
onde afinou a convivência com pessoas diferentes e viu-se tomando gosto por
estar fora de sua zona de conforto.
Feliz em estar de volta à
engenharia e há um mês trabalhando na área de Operações e Tecnologia do Banco
Itaú, Adrian carrega consigo as lições que aprendeu na Europa. “Se há algo que
você quer mudar, tente mudá-lo pelo menos em sua vida”, diz. “É complicado, mas
não é impossível.”
Leia
também:
Saiba como estudar engenharia na França
11 cursos online (e de graça) para engenheiros
Estudante explica como obter um duplo diploma em engenharia
Saiba como estudar engenharia na França
11 cursos online (e de graça) para engenheiros
Estudante explica como obter um duplo diploma em engenharia
Nenhum comentário:
Postar um comentário