domingo, 13 de novembro de 2016

Efeitos da democracia...



O que Trump significa para quem quer estudar nos EUA









Estudante de Harvard comenta sobre a preocupação dos estudantes internacionais diante do resultado das eleições.

Por Priscila Bellini
O clima de incredulidade dominou os Estados Unidos após a vitória do republicano Donald Trump. Durante os meses de campanha, nenhuma das pesquisas apontava a eleição do candidato. Antes da virada surpreendente na noite de terça-feira, a democrata Hillary Clinton dominava as previsões e se especulava que os resultados girariam em torno de 60% em favor do Partido Democrata. 

Com a vitória nas mãos e 290 colégios eleitorais a favor de Trump, as dúvidas sobre o futuro do país começaram a surgir. A campanha do candidato eleito ficara marcada por mensagens xenófobas e uma postura intolerante a camadas minoritárias da população, como a população LGBTQ e os latinos. Mas, depois das urnas apuradas, a questão levantada por vários setores foi a mesma: as atitudes de Trump enquanto governante serão correspondentes ao que defendeu ao longo dos debates e discursos? 

No campo da educação superior, em que as instituições americanas lideram os principais rankings de qualidade de ensino, o clima de dúvida também prevaleceu. Os discursos feitos sobre imigrantes, em especial sobre latinos, asiáticos e muçulmanos de várias nacionalidades, alarmaram os estudantes. A proposta divulgada por Trump de construir um muro na fronteira com o México, por exemplo, além da ideia de expulsar determinados imigrantes ou barrar a entrada de estrangeiros demonstrou hostilidade. Em uma pesquisa feita com mais de 40 mil participantes desenvolvida pela FPP EDU Media (organização que liga os estudantes internacionais a oportunidades no exterior) e pela International Education Advantage LLC (companhia de marketing para universidades), constatou-se que 60% dos estudantes de fora do país estariam “menos dispostos” a estudar nos Estados Unidos se Trump ganhasse as eleições. Ainda que a previsão de declínio nas applications não se concretize por completo, chegando ao marco dos 60%, há um receio de que o número de estrangeiros diminua.

Depois das urnas apuradas, a questão levantada por vários setores foi a mesma: as atitudes de Trump enquanto governante serão correspondentes ao que defendeu ao longo dos debates e discursos?

O que estudantes das melhores universidades estão pensando
Como Renan Carneiro, estudante de Economia na Universidade Harvard, conta, o dia seguinte à eleição foi repleto de debates nas aulas da instituição. “Foi um dia de reflexão, em que todo mundo queria entender o que aconteceu”, ele explica. Na opinião dele, havia uma crença de que o candidato republicano era “muito ruim” e não seria eleito nos Estados Unidos. “É como se o Brasil tivesse perdido de 7 a 1, mas tivesse jogado bonito”, compara. Pelas regras do jogo, o “7 a 1” americano prevalece, ainda que Clinton tenha feito uma boa campanha, pautada em sua experiência enquanto política. 

Em termos práticos, Renan já reconhece um medo real sentido por parte dos estudantes estrangeiros, tanto em Harvard quanto em outras instituições. Segundo ele, o dia após a eleição também foi de “muito abraços”, já que os alunos de fora sentiam medo das futuras propostas de Trump e da onda de xenofobia que assola o país. “O Trump não vai ser tão extremista quanto parece, não acredito que ele vá construir o muro, ou que ele vai expulsar muçulmanos. Mas ele não precisa fazer isso, o medo que foi criado no país é horrível o suficiente”, analisa Renan. 

Os especialistas em educação superior ainda dividem opiniões sobre o tema. Durante a campanha, os temas mencionados giraram em torno de mudanças nos empréstimos estudantis e das dívidas estudantis, sem um detalhamento sobre as possíveis modificações. De toda forma, é difícil cravar um resultado mais provável. Resta saber como as universidades americanas sentirão os efeitos do novo governo republicano.



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